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O porquê de um blog em pleno 2023 (e o que esperar por aqui)

  • Foto do escritor: Aline Paiva
    Aline Paiva
  • 17 de jul. de 2023
  • 5 min de leitura

Atualizado: 18 de jul. de 2023


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Já vou iniciar alertando que o texto de hoje, o texto inicial, será provavelmente maior e mais pessoal que todos os que se seguirão. Mas achei que, como inauguração, eu poderia ter a licença para não economizar nas palavras e fugir do tema “design de interiores”. Então vamos lá.


Se você nasceu nos anos 2000, provavelmente terá dificuldades em imaginar uma realidade em que o mundo não esteja disponível 100% do tempo na palma da sua mão; sem que existam N formas de entrar em contato em tempo real com os seus conhecidos; com um limite (bem reduzido, diga-se de passagem) para a quantidade de fotos e vídeos que você pode fazer em um momento especial - quem dirá de momentos cotidianos ordinários; que para saber mais sobre um assunto não bastava querer.


Não que eu tenha real clareza sobre esses tempos, eu nasci em 1991, e toda minha vida adulta já se baseou na existência da internet, dos smartphones, das ferramentas de busca, das redes sociais. Mas eu vivi essa transição. Eu vivi os dias em que foi preciso se ajustar à tal modernidade… e muito embora olhando para trás, agora de forma impessoal, com um olhar “de fora”, como o de quem analisa qualquer período histórico passado, eu tenha a impressão de que essas mudanças foram enormes, radicais, impactantes… a verdade é que falando como quem as viveu, tudo me parece que simplesmente foi acontecendo.


Um belo dia me lembro do meu pai me ensinando, ainda criança, e perguntar a um tal de “Cadê” (o pai - talvez avô? - do Google) sobre aquilo que precisava pesquisar para a lição de casa da escola. Me lembro de naturalmente sentar com a minha irmã ao lado para entrar no site da loja de brinquedos e ver todas as bonecas Barbie disponíveis, a maioria nunca tínhamos visto em propagandas da TV. Com a mesma naturalidade, me lembro de quando me perguntaram qual era o meu número do ICQ para que a gente pudesse “teclar” e bater papo sem precisar usar o telefone de casa… eu, em casa, prontamente fui perguntar ao Cadê como ter um número de ICQ.


E foi assim, de forma natural, como sem nem perceber, que fui sendo cada vez mais envolvida em uma relação simbiótica com o online, com o estar conectada, com pessoas que jamais conheci na vida real, com assuntos que não fazem parte do meu dia-a-dia. Cada vez mais. Cada vez mais rápido. Cada vez mais intenso. Honestamente não consigo me lembrar com clareza, ou talvez sequer realmente imaginar, como era a vida antes de tudo isso.


Muito embora todas essas mudanças tenham entrado na minha vida “naturalmente”, sem que eu mal sentisse seus impactos, já há algum tempo eu tenho me sentido sobrecarregada. Sobrecarregada da velocidade, dos sons, das imagens, das luzes. A vida frente às telas me parece maior, ou ao menos mais frequente, que a vida longe delas. Smartphone, smart TV, smartwatch, tablet, notebook, comando de voz em casa… ufa.


Com tantos estímulos, tanta informação, percebo que às vezes sinto dificuldade em simplesmente processar todo o conteúdo que consumo. Parece não sobrar tempo para esse processar, e logo já recebemos mais, e mais, e mais.


Certo dia me peguei com saudades do esperar. O esperar de chegar certo livro ou CD nas lojas, o esperar para ir até uma loja física para comprar algo, o esperar para sair um novo episódio do programa que via semanalmente, o esperar para encontrar os amigos e conversar por horas para saber das novidades.


Não me entenda mal, na esmagadora maior parte do tempo sou grande usuária e entusiasta de toda essa tecnologia. Mas venho sentido falta do ritmo menos acelerado da vida analógica. Do ritmo que nos dava tempo para respirar, para querer mais.


E nessa reflexão, me peguei nostálgica com a época dos blogs (seriam eles os primórdios das redes sociais?). Me lembro de ter uma - enorme - lista com os meus favoritos, que acompanhava religiosamente, dos mais diversos assuntos, dos mais diversos perfis.


Eu simplesmente adorava a sensação de ver algo pelos olhos - no caso, as palavras - de outra pessoa. Eu adorava reparar na escolha das palavras, na forma de colocar cada ideia… me trazia a sensação de que eu conhecia um pouco melhor daquela pessoa que estava por trás do blog, alimentando a página com suas ideias, pensamentos, percepções, opiniões. Eventualmente os blogs também evoluíram e se tornaram ferramentas mais complexas. Mas lá no início, “quando tudo era mato”, os blogs funcionavam quase como diários virtuais, de pessoas que muitas vezes se mantinham, inclusive, no anonimato.


Pronto. Cheguei onde queria para esse primeiro texto. Por que criar um espaço de blog no site do meu estúdio de interiores em pleno 2023? Eu não deveria estar investindo tempo em criar e alimentar um canal do YouTube, um perfil no TikTok, ou seja lá qual for a nova rede social do momento?


Do ponto de vista profissional, provavelmente sim.


Mas essa não foi uma decisão da Aline-pessoa-jurídica. Essa foi uma decisão, uma escolha, da Aline. É verdade que eu divido um pouco, umas pinceladas de quem eu sou, de como penso, do que está na minha mente no meu perfil do Instagram.


No entanto, o meu trabalho é dentro da casa das pessoas. E a forma como eu vejo o nosso lar, como eu vejo o processo de transformar uma casa em um lar, está intimamente ligada aos indivíduos que vivem ali. É íntimo. É pessoal. Não por acaso, depois de muito apurar, resumi essa ideia na frase “eu desenho a casa que mora dentro de você”.


Ora, se é um trabalho de tamanha conexão pessoal, não faz sentido que quem me acompanha, quem acompanha o meu trabalho, quem talvez um dia possa querer me contratar como designer, tenha a chance de me conhecer um pouco melhor? Conhecer um pouco mais da forma como eu penso, como eu vejo, como eu me comunico?


Do mais, talvez aqui eu esteja tendo a chance de falar com quem, assim como eu, também anda sentindo falta de uns momentos menos acelerados, menos cheios de cores, imagens, vozes, movimento.


Esse espaço é uma forma de eu me reconectar com a vida passada que eu pouco vivi, de eu me reconectar comigo mesma ao colocar em palavras o que está na minha mente, de provavelmente traduzir os estímulos todos, e especialmente uma chance de me conectar em outro nível com você, que me acompanha nesse mundo virtual.


É verdade que os conteúdos que pretendo trazer não serão pessoais como esse, serão essencialmente ligados ao universo do design de interiores - mas com o meu toque, a minha visão, as minhas reflexões.


E assim me despeço nesse primeiro texto, inaugurando oficialmente o meu blog, com um mix de animação e frio na barriga.


Até semana que vem,


Li.



 
 
 

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Prazer, Aline!

A minha magia é tornar real. ​Meu objetivo é criar soluções de design de interiores e curadoria de objetos significativos para decoração de casas que proporcionem conforto e segurança.

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