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Perdido nas referências?

Após a contratação da consultoria de design, o primeiro passo é o Questionário de Briefing - uma série de perguntas que peço que os clientes reflitam e respondam por escrito antes da nossa Reunião de Briefing. Antigamente eu fazia apenas uma reunião, que era mais longa, e durante a conversa eu perguntava tudo o que está nesse questionário. Mas o ato de escrever nos ajuda no processo de reflexão, de formalização das ideias, de ordenar o pensamento. E, após algum testes, entendi que esse momento de responder ao questionário era importante no processo do cliente, funcionando como um exercício de reflexão... e em cima dessas respostas mais bem pensadas e maturadas, a reunião de briefing flui ainda melhor, ainda mais assertiva.


Mas existe uma pergunta que eu ainda sigo sem resposta na maioria dos casos, seja no questionário, seja na reunião: "você tem imagens de referência que gostaria de dividir comigo?". Isso começou a me intrigar, porque me parece natural que, antes mesmo de decidir por contratar ajuda profissional, a gente começa a pesquisar por referências, inspirações ideias... então por que a esmagadora maioria dos clientes não me mostram nenhuma referência? Eu passei a perguntar o motivo durante a conversa, e a resposta me surpreendeu.


Os relatos que ouço são todos bem similares e se resumem a "eu até comecei a pesquisar, salvar algumas coisas, mas estava ficando mais perdido ainda". E após algumas conversas, após ouvir sobre as diferentes experiências, eu entendi que a forma como devemos usar as referências não é um senso comum. Em sua maioria, o que ocorria é que os clientes não estavam sabendo como deveriam lidar com as referências pesquisadas para o seu projeto. E ao sentir-se ainda mais confusos, desistiam do processo de pesquisa e aguardavam o início da consultoria.


De uma dessas conversas na semana passada, surgiu a ideia de escrever aqui no blog sobre as referências em um processo de consultoria ou projeto de interiores. Vamos entender, então?


O uso de imagens de referência é fundamental para criar um projeto de design de interiores bem-sucedido. Por isso, com ou sem referências fornecidas pelo cliente, eu sempre passo um bom tempo nessa etapa de pesquisa. O pesquisar em si é de compreensão de todos. O pesquisar e salvar as imagens quase todos faziam... o problema vinha em não saber o que fazer com elas a partir daí.


Vou dividir com vocês o meu processo em um passo a passo simples que pode te ajudar quando você estiver pesquisando referências - para a sua casa, sua festa, sua viagem, uma roupa, uma receita... qualquer coisa!


1. Faça uma lista com tudo o que você gostaria de pesquisar. Do macro ao micro. Por exemplo, pesquise por "quarto de casal aconchegante", mas também pesquise por "puxadores para armário branco". É muito fácil se perder em meio às pesquisas, dessa forma você garante que haja um roteiro, e nada importante será esquecido.


2. Pesquise sem filtro, sem julgamentos. Esse é o momento de reunir ideias diversas, abrir a cabeça para opções que você não considerava, não conhecia. É um brainstorming. Vá pesquisando e salvando tudo o que te parecer interessante, não pense se é viável, se combina com as outras já selecionadas. Te interessou? Salve.


3. Saiba quando parar. A verdade é que a gente nunca vai esgotar todas as referências possíveis. Então é importante que haja algum limite imposto por você. Seja por quantidade, por tempo. E essa é a etapa mais difícil! Sempre existe aquele medo ao fundo de estarmos perdendo a chance de encontrar aquela referência que pode ser a melhor de todas. Mas acredite em mim, tão importante quanto fazer uma pesquisa de referências, é encerrá-la.


4. Categorize as referências. Fazendo uma análise superficial, separe em grupos semelhantes. Seja por cômodos, por tipo de item, por estilo, por cor... o que fizer sentido para você. Se antes você tinha todas as peças do quebra-cabeças misturadas, esse é o momento em que você as separa por cor, separa as peças "da borda", e só depois pode iniciar a montar o quebra-cabeças.


5. Hora de filtrar. Agora sim, analise mais a fundo cada um dos grupos. Reflita sobre cada imagem, o que te fez gostar dela. Entenda se ela é coerente com as outras selecionadas, ou se para seguir com ela precisará eliminar outras. Considere a viabilidade para executar algo similar, se é factível dentro do seu prazo, do seu orçamento, do seu expertise. É fundamental aqui pensar sempre no todo, no conjunto da ópera. Por exemplo, um detalhe de marcenaria pode ser incrível, mas somado à pedra que ganhou o seu coração para a bancada da cozinha, estouraria o orçamento. Nesse processo, vá eliminando, reduzindo cada um dos grupos.


6. Analise os grupos em conjunto. A essa altura você já pensou sobre cada categoria, e já pensou também no todo. Mas agora o seu foco é apenas o todo. Coloque todas as imagens lado a lado. Elas formam uma unidade? Elas são harmônicas entre si? Existe coerência entre elas? Ou tem alguma que está destoando? Esse conjunto é adequado ao seu contexto? À sua realidade? Às suas restrições de orçamento, de prazo?


Pronto! Após esse refinamento, você concluiu a etapa inicial de todo projeto ou consultoria de interiores. "Nossa, Li, mas toma muito tempo!"... É verdade. Toma mesmo. Mas essa será a sua base, o seu norte. É como se fosse a fundação na construção de um prédio, é o alicerce que vai apoiar todo o edifício. Não dá para poupar esforços aqui, concorda?


Será partindo dessa pesquisa bem feita de referências que vamos pensar em soluções práticas, em alternativas, em materiais, em texturas, em paleta de cores. Pesquisar móveis, objetos decorativos, fornecedores específicos. Tomando sempre o cuidado para não desviar desse caminho definido durante a pesquisa inicial.


Se você contratou um profissional para te ajudar, você não precisa despender longas horas nesse processo de pesquisar referências - afinal, como eu disse lá no início, com ou sem as suas referências, eu farei todo esse processo. Ter as referências do cliente entra como um dos filtros que levo em consideração na etapa 5. Mas eu recomendo fortemente que você faça esse exercício. Assim como responder o questionário de briefing, vai te ajudar a refinar e amadurecer a ideia do que você está buscando.


Deixando a modéstia de lado, nas minhas pesquisas eu sempre consigo acertar muito bem aquilo que vai dar um match perfeito com o cliente (afinal, a essa altura o briefing já foi feito, e muito bem feito). Mas quando o cliente já fez essa "lição de casa" antes, nós já iniciamos a consultoria em outro patamar! Então um conselho que eu posso te dar é não terceirize por completo a responsabilidade de transformar a sua casa. Contrate sim um ótimo profissional, mas garanta que você seja uma parte ativa do processo, se envolva. Além de tornar tudo mais interessante, você garante resultados ainda mais incríveis.




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Prazer, Aline!

A minha magia é tornar real. ​Meu objetivo é criar soluções de design de interiores e curadoria de objetos significativos para decoração de casas que proporcionem conforto e segurança.

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